Conta, um
brasileiro que está morando nos Estados Unidos da América, que, para ajudar no
orçamento, está prestando serviço de babá.
Numa noite,
conta ele, "cantei ‘boi da cara preta’ para uma das meninas de quem cuidava,
antes dela dormir. Ela adorou, e essa passou a ser a música que sempre pedia
para eu cantar ao colocá-la na cama.
Antes de
adotarmos o ‘boi, boi, boi‘ como canção de ninar, a canção que cantávamos, em
inglês, dizia algo como: ‘boa noite, linda menina, durma bem. Sonhos doces
venham para você, sonhos doces por toda noite’...
Que lindo,
não é mesmo? Eis que um dia Mary Helen me perguntou o que as palavras da música
‘boi da cara preta‘ queriam dizer em inglês.
Foi aí que
me dei conta de que não deveria falar a verdade sobre a letra da música.
Como dizer
que, na verdade, a música ‘boi da cara preta’ era uma ameaça, era algo como
‘durma logo, menina, senão o boi vem te comer’?
Como
explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que
incita um bovino de cor negra a pegar uma cândida menina?"
Ao mentir
para a garota, começou a pensar em outras canções infantis, pois não se sentiria
bem, ameaçando a menina com um temível boi toda noite...
E o moço
pensou consigo mesmo: "que tal! ‘nana neném que a cuca vai pegar... ?’
Outra
ameaça! Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto!
Depois de
uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse
positiva, e de uma longa reflexão, o rapaz se deu conta de que a maioria delas é
imprópria e pode gerar traumas na criança.
Várias
letras vieram a sua mente, mas a maioria era imprópria para quem deseja
asserenar a alma de uma criança, ao colocá-la para dormir.
"Atirei o
pau no gato", por exemplo.
Para
começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta
de respeito aos animais e de crueldade.
"Eu sou
pobre, pobre, pobre, de marré, marré, marré". Essa canção coloca a realidade
vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces.
"Marcha
soldado, cabeça de papel! Quem não marchar direito, vai preso pro quartel." Uma
ameaça.
"A canoa
virou, foi pro fundo do mar, foi por causa do fulano que não soube remar."
Ao invés de
incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras
aprendem a condenar o semelhante.
"Samba-lelê
tá doente, tá com a cabeça quebrada. Samba-lelê precisava é de umas boas
palmadas."
A pessoa,
conhecida como samba-lelê, encontra-se com a saúde debilitada, necessita de
cuidados médicos mas, ao invés de compaixão e apoio, a música diz que ela
precisa de palmadas!
"O anel que
tu me deste era vidro e se quebrou. O amor que tu me tinhas era pouco e se
acabou..."
Essa canção
diz que o amor não vale a pena, pois é falso e frágil.
"O cravo
brigou com a rosa debaixo de uma sacada; o cravo saiu ferido e a rosa
despedaçada. O cravo ficou doente, a rosa foi visitar; o cravo teve um desmaio,
a rosa pôs-se a chorar"
Desgraça e
mais desgraça, e ainda incita a violência conjugal.
Como crescer
e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir essas passagens anos a
fio?
Importante
pensar com carinho sobre o que queremos passar de informação aos nossos
pequenos.
Se eles
crescem ouvindo palavras amargas, violentas e deprimentes, certamente
construirão na intimidade imagens que traduzem essas idéias infelizes.
Se, ao
contrário, ouvem palavras de afeto, de bem-querer, de confiança, de esperança e
harmonia, edificarão na alma um mundo correspondente.
Pense
nisso!
As crianças
são emprestadas aos pais, pelo Criador, para que esses as ajudem a evoluir no
caminho do bem.
Sendo assim,
faça o melhor pelos seus filhos e educandos, pois chegará o dia em que terá que
prestar contas dessa nobre missão que lhe foi confiada.
Pense nisso!
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